sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A fonte analítica dos contos de fadas.

"Nos contos de fadas acham-se gravadas ideias infinitamente sábias que durante séculos se recusaram a se deixar mutilar, degastar ou matar. As ideias mais persistentes e sábias estão reunidas nas teias de prata a que chamamos de contos. Desde a descoberta do fogo, os seres humanos se sentem atraídos pelos contos míticos. Por quê? Porque apontam para um fato importante: embora a alma em sua viagem possa tropeçar ou se perder, no fim ela reencontrará seu coração, sua natureza divina, sua força seu caminho para Deus em meio à floresta sombria - ainda que leve vários episódios ou "dois passos à frente e um atrás" para descobri-los e recuperá-los." - Dra. Clarissa Pinkola Estés.

Não poderia encontrar trecho melhor para introduzir um dos assuntos que me deram base para escrever LAGOENA: os contos de fadas. A citação acima foi retirada do prefácio do livro Contos dos
Irmãos Grimm - Rocco, um exemplar de histórias escolhidas por Clarissa, escritora e psicanalista junguiana. Seu livro Mulheres que correm com lobos - Rocco, está na minha meta de leitura, um dos quais tomarei como base para compor o segundo livro da trilogia LAGOENA. Sempre fui admiradora das personagens femininas nos contos infantis. Como não lembrar de Chapeuzinho Vermelho, A Gata Borralheira, A Branca de Neve, Cachinhos Dourados? Foi através delas que tive meu primeiro contato com mundo lúdico das histórias. Todas essas personagens são o foco da própria história, mesmo dentro de um arquétipo arcaico, todas estão lá, trilhando sob um facho de luz. Dentro dessa premissa, Estés aborda em  Mulheres que correm com lobos a busca da libertação da mulher. Confira a sinopse abaixo: 



"Sensações de vazio, fadiga, medo, depressão, fragilidade, bloqueio e falta de criatividade são sintomas cada vez mais freqüentes entre as mulheres modernas, assoberbadas com o acúmulo de funções na família e na vida profissional. Esse problema, no entanto, não é recente, acredita a psicóloga junguiana Clarissa Pinkola Estés. Ele veio junto com o desenvolvimento de uma cultura que transformou a mulher numa espécie de animal doméstico.
Através da interpretação de 19 lendas e histórias antigas, entre elas as de Barba-Azul, Patinho Feio, Sapatinhos Vermelhos e La Llorona, a autora identifica o arquétipo da Mulher Selvagem ou a essência da alma feminina, sua psique instintiva mais profunda. E propõe o resgate desse passado longínquo, como forma de atingir a verdadeira libertação.
Técnicas da psicologia junguiana e algumas formas de expressão artísticas ligadas ao corpo podem ajudar na tarefa, mas a compreensão da natureza dessa mulher selva'gem, com todas as características de uma loba, é uma prática para ser exercida ao longo de toda a vida."



Como a autora é também analista junguiana, nada melhor que estudar as teorias de Carl Gustav Jung
para entender melhor sua linha de pensamento. Por conta da indicação de um colega, tomei conhecimento do livro O Homem e Seus Símbolos, uma edição organizada por Jung antes de sua morte. O psiquiatra fundou a psicologia analítica, vem dele a teoria do inconsciente coletivo, tema que muito me atrai e busco conhecer melhor para aprimorar as bases de LAGOENA. O Homem e Seus Símbolos é um livro bem didático, escrito numa linguagem simples por Jung e seus discípulos. O intuito da edição era popularizar as teorias do psicanalista, o que veio a acontecer assim que o livro foi lançado.





Ainda dentro do universo da psicologia, apresento o livro do psicólogo judeu Bruno Bettelheim, A Psicanálise dos Contos de Fadas. O autor do livro assim como Clarissa Pinkola Estés também reuniu contos para esmiuçar sua verdadeira essência. Foi discípulo de Freud e um dos especialista que mais estudaram as influências dos contos de fadas. "Para ele a grande diferença entre este tipo de contos e os modernos é que os primeiros, ao contrário dos segundos, não remetem apenas para o encantamento, tratando também de problemas existenciais, algo que permanece inalterável com a passagem do tempo." - Bio.





"Em A psicanálise dos contos de fadas, Bruno Bettelheim faz uma radiografia das mais famosas histórias para crianças, arrancando-lhes seu verdadeiro significado. O autor mostra as razões, as motivações psicológicas, os significados emocionais, a função de divertimento, a linguagem simbólica do inconsciente que estão subjacentes nos contos infantis."


Por último, para fechar o segundo post do blog, apresento o título Fadas no Divã, escrito pelo casal psicanalistas e brasileiros Mário Corso e Diana Lichtenstein Corso. Além de Fadas no Divã, os dois tem outros trabalhos feito em parceria como A Psicanálise na Terra do Nunca. Mário Corso também é autor de Monstruário – Inventário de Entidades Imaginárias e de Mitos Brasileiros, Menção Honrosa do Prêmio Jabuti.



Fadas no Divã - Psicanálise nas histórias infantis:

"Escrito por dois psicanalistas, a partir da própria experiência clínica, pessoal e parental, Fadas no Divã engata o leitor que, como eles, sente-se pessoalmente implicado, interpretado pelo encontro com suas velhas histórias. Nesse sentido é um livro que pode evocar lembranças e suscitar possíveis insights do leitor sobre sua infância. Ou seja, embora não seja escrito para isso, pode ter como efeito paralelo uma função de auto-análise. É também uma forma de aprender psicologia e psicanálise através das histórias infantis.

O livro se pergunta porque as histórias e contos de fadas migraram do folclore para a infância e qual o seu papel no psiquismo infantil. Supõe que a razão da sobrevivência destas antigas histórias provém do fato de que elas ainda possuem função de suporte para a elaboração de fantasias relativas à vida familiar, ao desenvolvimento das identidades sexuais e ao amor. Para tanto, interpreta os principais contos de fada clássicos para saber quais os mecanismos inconscientes que eles ativam. Defende a idéia que o século XX criou os seus próprios contos de fada modernos e dedica-se ao estudo de várias dessas histórias, tais como as de Peter Pan, Pinóquio, do Ursinho Pooh, até chegar em Harry Potter passando pela Turma da Mônica. Utiliza-se de cartoons com personagens infantis, dirigidos ao público jovem e adulto, (como Peanuts, Mafalda e Calvin) para discutir sobre a infância contemporânea e as expectativas que depositamos nela. Analisa um conto elaborado por Mário durante a infância de suas filhas, para demonstrar os conteúdos do inconsciente de um determinado núcleo familiar que se expressam numa experiência narrativa. Essa parte do livro visa incentivar as famílias a criar suas próprias histórias, a adulterar ao seu gosto os contos clássicos e compartilhar um acervo imaginário rico com as crianças.  Uma leitura das fantasias que se animam e aninham nas histórias infantis não pode ser como uma autópsia, ela deve ser como um portal de acesso, onde cada um viva sua própria aventura." - Site oficial.


Bom, como o intuito desse blog era mostrar um blog sobre o processo criativo do segundo livro de LAGOENA, achei interessante compartilhar o material de pesquisa que ampliará essa história e contribuirá para uma base estrutural ainda mais rica.

Espero voltar com outras novidades!

Até a próxima!
  
Laísa Couto

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